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Corticoide retarda distúrbios dos vasos sanguíneos responsáveis por complicações da COVID-19
8 de outubro de 2025, 10:23

Fonte

Universidade Paris Cité

Publicação Original

Áreas

Biomedicina, Farmacologia, Farmácia Clínica, Hematologia, Imunologia, Medicina, Medicina Intensiva, Microbiologia, Patologia, Pneumologia, Proteômica, Virologia

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Resumo

Desde as primeiras ondas da epidemia de COVID-19, cientistas do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França (INSERM), do Hospital Europeu Georges-Pompidou AP-HP e da Universidade Paris Cité, na França, observaram que o vírus SARS-CoV-2 não atacava apenas os pulmões, mas também causava ‘endoteliopatia’, uma disfunção do revestimento interno dos vasos sanguíneos que desempenha um papel fundamental na regulação da coagulação sanguínea. E a endoteliopatia pode levar a microtromboses frequentemente fatais. Então, eles tentaram compreender o impacto de diferentes tratamentos para formas graves de COVID-19 nos vasos sanguíneos e na coagulação.

Em um estudo recente, os cientistas demonstraram que a dexametasona, usada para tratar formas graves de COVID-19, protege os vasos sanguíneos e retarda complicações trombóticas.

Para isso, eles monitoraram 375 pacientes com COVID-19, alguns dos quais estavam em terapia intensiva no Hospital Europeu Georges-Pompidou. Utilizando amostras de sangue e um teste de geração de trombina (uma enzima essencial na formação de coágulos sanguíneos), os cientistas conseguiram medir o impacto do vírus e de vários tratamentos para suas formas mais graves na capacidade de coagulação do sangue.

A principal descoberta foi que a dexametasona, um corticosteroide com eficácia comprovada em pacientes com formas graves de COVID-19 associadas a complicações respiratórias, reduz significativamente os marcadores de lesão endotelial e a produção de trombina. Assim, o fármaco protege diretamente as células endoteliais da tempestade inflamatória causada pelo vírus, enquanto a heparina (um anticoagulante comumente usado) não tem esse efeito.

O resultado reforçou a ideia de que a inflamação vascular está no cerne das complicações da COVID-19, muito além do simples dano pulmonar. A pesquisa também mostrou que a intensidade das anormalidades de coagulação induzidas pelo plasma dos pacientes está fortemente correlacionada com o risco de morte.

“Nosso modelo experimental nos permitiu mostrar que a dexametasona atua não apenas como um anti-inflamatório geral, mas também como um protetor direto dos vasos sanguíneos”, explicou o Dr. David Smadja, professor de Hematologia da Universidade Paris Cité, pesquisador do INSERM, médico do Hospital Europeu Georges-Pompidou e coordenador do estudo.

Os resultados esclarecem os benefícios observados com a dexametasona em estudos clínicos e reforçam seu papel central no tratamento de formas graves de COVID-19, limitando eventos trombóticos associados a danos vasculares.

O estudo foi publicado na revista científica Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology.

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Autores/Pesquisadores Citados

Professor de Hematologia da Universidade Paris Cité, pesquisador do INSERM e médico do Hospital Europeu Georges-Pompidou

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