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Resumo
Um estudo internacional reuniu cientistas do Brasil, França, Dinamarca e Espanha para analisar como o dióxido de carbono se comporta na Região Metropolitana de São Paulo (MASP).
Usando dados de satélite, medições em campo e simulações computacionais, a pesquisa é a primeira desse tipo em uma grande cidade do Sul Global e traz informações inéditas sobre as fontes de emissão e a dinâmica sazonal do gás.
Os resultados indicaram que o transporte é, de longe, o maior responsável pelas emissões urbanas de dióxido de carbono. Carros, ônibus e caminhões respondem por mais de três quartos do total lançado na atmosfera paulistana. Em segundo plano aparecem setores como indústria, energia, refinarias e residências.
Além das atividades humanas, a própria vegetação tem papel importante na variação das concentrações do CO2. Durante o verão, quando a fotossíntese é mais intensa, a cobertura verde funciona como sumidouro, absorvendo parte do dióxido de carbono. No inverno, ocorre o inverso: a atividade fotossintética diminui, o ar fica mais estável e o gás tende a se acumular próximo ao solo, elevando as medições.
O estudo combinou diferentes ferramentas: o modelo WRF-Chem, que simula variáveis atmosféricas e concentrações de poluentes; o modelo VEIN, que detalha as emissões veiculares a partir da idade da frota e dados de tráfego; e o modelo VPRM, que estima fluxos de carbono da vegetação.
As simulações foram comparadas a medições do satélite OCO-2 e mostraram boa correspondência com as observações, sobretudo nas tendências sazonais. No entanto, os modelos ainda não conseguem reproduzir com precisão picos de concentração típicos de ambientes urbanos complexos.
Segundo a Dra. Rafaela Cruz Alves, pesquisadora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP), “embora ocupem apenas 2% da superfície terrestre, as cidades concentram cerca de 70% das emissões globais de dióxido de carbono de combustíveis fósseis”. Isso torna os centros urbanos peças-chave no enfrentamento da crise climática.
Os cientistas destacaram que o trabalho vai além de São Paulo. Ele abre caminho para estudos semelhantes em outras metrópoles tropicais, que compartilham desafios como urbanização acelerada, tráfego intenso e ecossistemas complexos.
A pesquisa também reforçou que o monitoramento do dióxido de carbono em cidades não é apenas uma questão científica, mas uma base essencial para políticas públicas. Dados robustos ajudam a verificar se os esforços de mitigação estão funcionando e permitem corrigir rumos quando necessário.
Além de cientistas do IAG-USP, participaram do estudo pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP); Embrapa Meio Ambiente; Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha; Universidade Aarhus, na Dinamarca; e Universidade de Reims Champagne-Ardenne, na França. Os resultados foram publicados na revista científica Atmospheric Chemistry and Physics.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Atmospheric Chemistry and Physics (em inglês).
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Acesse a notícia original completa na página da Embrapa.
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