
Dr. Daniel Birman, Universidade de Washington
Mapa cerebral mostra 75.000 neurônios analisados
Fonte
Julie Pryor, Instituto McGovern de Pesquisa Cerebral do MIT
Publicação Original
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Resumo
Um grupo internacional de neurocientistas conseguiu montar um novo mapa da atividade cerebral em camundongos sujeitos a atividades de tomada de decisão, em 12 laboratórios localizados em diversos países. Os animais tinham que realizar tarefa com componentes sensoriais, motores e cognitivos, eventualmente recebendo uma recompensa.
Os pesquisadores destacaram que há comunicação constante entre as áreas cerebrais durante a tomada de decisão, o início do movimento e até mesmo a recompensa.
Os cientistas também puderam observar o papel das expectativas prévias dos animais, cujos sinais foram encontrados em áreas cerebrais que processam informações sensoriais e controlam ações, e não apenas em áreas cognitivas.
As descobertas podem ter implicações para a compreensão de condições como esquizofrenia e autismo.
Foco do Estudo
Estudo
Uma colaboração internacional de neurocientistas conseguiu montar o primeiro mapa abrangente da atividade cerebral de camundongos durante processo de tomada de decisão, com resolução em nível celular. O estudo foi publicado em dois artigos na revista científica Nature.
As descobertas desafiam a visão hierárquica tradicional do processamento de informações no cérebro e mostra que a tomada de decisão é distribuída por muitas regiões de forma altamente coordenada.
Pesquisadores de 12 laboratórios em vários países utilizaram eletrodos de silício de última geração – as chamadas sondas de neuropixels – para gravações neurais simultâneas a fim de medir a atividade cerebral enquanto os camundongos realizavam uma tarefa que envolvia tomada de decisão.
Os laboratórios coletaram dados de camundongos realizando uma tarefa com componentes sensoriais, motores e cognitivos. Na tarefa, um camundongo ficava em frente a uma tela e uma luz aparecia no lado esquerdo ou direito. Se o camundongo respondesse movendo uma pequena roda na direção correta, ele recebia uma recompensa.
Em alguns testes, a luz era tão fraca que o animal precisava adivinhar para que lado girar a roda, o que podia ser feito com base em conhecimento prévio: a luz tendia a aparecer com mais frequência em um lado por várias tentativas, antes que o lado de alta frequência mudasse. Camundongos bem treinados aprendem a usar essa informação para ajudá-los a fazer suposições corretas. Esses testes desafiadores, portanto, permitiram que os pesquisadores estudassem como as expectativas anteriores influenciam a percepção e a tomada de decisão.
Esta é a primeira vez que alguém produz um mapa completo da atividade de neurônios individuais durante a tomada de decisões. A escala é sem precedentes, pois registramos mais de meio milhão de neurônios em camundongos em 12 laboratórios, abrangendo 279 áreas cerebrais, que juntas representam 95% do volume cerebral do camundongo. A atividade de tomada de decisão, e particularmente a recompensa, iluminou o cérebro como uma árvore de Natal
Resultados
O primeiro estudo mostrou que os sinais de tomada de decisão são surpreendentemente distribuídos por todo o cérebro, não se localizando em regiões específicas.
Isso corrobora evidências cerebrais de um número crescente de estudos que desafiam o modelo hierárquico tradicional da função cerebral e enfatizam que há comunicação constante entre as áreas cerebrais durante a tomada de decisão, o início do movimento e até mesmo a recompensa. Isso significa que os neurocientistas precisarão adotar uma abordagem mais holística, abrangendo todo o cérebro, ao estudar comportamentos complexos no futuro.
O segundo estudo mostrou que as expectativas prévias – as crenças sobre o que provavelmente acontecerá com base na experiência recente – estão codificadas em todo o cérebro. Surpreendentemente, essas expectativas não são encontradas apenas em áreas cognitivas, mas também em áreas cerebrais que processam informações sensoriais e controlam ações.
Por exemplo, as expectativas são codificadas até mesmo em áreas sensoriais precoces, como o tálamo, o primeiro transmissor do cérebro para a entrada visual a partir dos olhos. Isso reforça a visão de que o cérebro atua como uma máquina de previsão, mas com as expectativas codificadas em múltiplas estruturas cerebrais, desempenhando um papel central na orientação das respostas comportamentais.
“Ainda há muito a ser esclarecido: se é possível encontrar um sinal em uma área do cérebro, isso significa que essa área está gerando o sinal ou simplesmente refletindo um sinal gerado em outro lugar? Quão fortemente nossa percepção do mundo é moldada por nossas expectativas? Agora podemos gerar algumas respostas quantitativas e iniciar os experimentos da próxima fase para aprender sobre as origens dos sinais de expectativa, intervindo para modular sua atividade”, concluiu a Dra. Ila Fiete, neurocientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pesquisadora do Instituto McGovern de Pesquisa Cerebral do MIT.
As descobertas podem ter implicações para a compreensão de condições como esquizofrenia e autismo, que se acredita serem causadas por diferenças na forma como as expectativas são atualizadas no cérebro.
Agora, os cientistas planejam expandir o foco para além da tomada de decisões e explorar uma gama mais ampla de questões da neurociência.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Nature (em inglês).
Mais Informações
Acesse o artigo A brain-wide map of neural activity during complex behaviour na revista Nature (em inglês).
Acesse o artigo Brain-wide representations of prior information in mouse decision-making na revista Nature (em inglês).
Acesse a notícia original completa na página do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês).
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