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Castanha-do-Pará e Acaí
Fonte
Camila Caetano, Portal da Ciência/UFLA
Publicação Original
Áreas
Resumo
Usando pirólise, pesquisadores transformaram resíduos agroindustriais de produtos da Amazônia em carvão vegetal, uma fonte de energia renovável.
Com alto potencial energético, resíduos de açaí e de castanha-do-Pará podem passar de restos agroindustriais que são desperdiçados para significativos geradores de biochar, uma opção para substituir combustíveis fósseis.
O biochar também pode ser incorporado ao solo para melhorar sua fertilidade e capacidade de retenção de água, além de funcionar como sumidouro de carbono.
Um novo estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) revelou uma abordagem inovadora para transformar resíduos agroindustriais da Amazônia em carvão vegetal, fonte de energia renovável.
A pesquisa teve foco na casca da castanha-do-pará e em resíduos de açaí, ambos amplamente descartados, mas que têm um alto potencial energético.
Devido ao alto volume de produção de subprodutos do açaí e da castanha-do-Pará, a solução que pode não apenas reduzir desperdícios, como também contribuir para uma bioeconomia mais sustentável na região.
Quando submetidos ao processo de pirólise, esses resíduos são convertidos em biochar, um biocombustível sólido que pode minimizar os impactos ambientais.
Ianca Oliveira Borges, doutoranda em Engenharia de Biomateriais na UFLA e responsável pela pesquisa, sob a orientação do Dr. Gustavo Henrique Tonoli, professor do Departamento de Ciências Florestais da UFLA, explicou que os biocombustíveis sólidos são combustíveis de origem vegetal que se encontram em estado sólido à temperatura e pressão ambiente. “São uma forma de aproveitar a biomassa e, em geral, são mais sustentáveis do que os combustíveis fósseis, pois são renováveis e emitem menos gases poluentes”.
A valorização da biomassa amazônica, por meio da produção de biochar, aponta para um caminho promissor na luta contra as mudanças climáticas. Ao transformar resíduos em recursos, a ciência está ajudando a construir um futuro mais sustentável para a Amazônia e para o mundo
Os resultados mostraram que o resíduo de açaí possui um poder calorífico superior (PCS) de 19,77 MJ/kg, ao passo que a casca de castanha alcança 21,07 MJ/kg. Isso significa que esses materiais têm alto potencial energético a explorar, superando o poder energético de muitos biomateriais convencionais.
Além disso, o biochar apresenta maior estabilidade térmica e menor teor de voláteis, o que pode torná-lo uma opção viável e eficiente para substituir combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e óleo diesel.
Mas o impacto da pesquisa vai além da produção de energia, oferecendo uma oportunidade para transformar resíduos que hoje são descartados em fontes renováveis, beneficiando diretamente as comunidades locais. Isso não apenas ajuda a reduzir os custos com energia, mas também traz vantagens socioeconômicas, especialmente em regiões mais vulneráveis.
“A combustão [do biochar] gera menos emissões de dióxido de carbono comparado aos combustíveis fósseis convencionais, pois parte do carbono contido no biochar permanece fixado no material, evitando sua liberação para a atmosfera. Outra característica relevante é seu alto poder calorífico, tornando-o uma alternativa eficiente para sistemas de aquecimento e geração de energia, sem a necessidade de grandes ajustes tecnológicos”, complementou a doutoranda.
O biochar também pode ser incorporado ao solo para melhorar sua fertilidade e capacidade de retenção de água, funcionando como um sumidouro de carbono e contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
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