
Fonte
Sérgio de Sousa, Agência UFC
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em um novo estudo sobre a absorção de luz vermelha de baixa intensidade aplicada a fototerapias, pesquisadores descobriram que diferentes células respondem de maneira diferente à aplicação da luz vermelha.
Utilizando microscopia de força atômica, os pesquisadores descreveram a biomecânica celular por meio da análise de proteínas ao estudarem linhas celulares do citoesqueleto de queratinócitos, fibroblastos e osteoblastos.
Os pesquisadores concluíram que a terapia com luz vermelha precisa ser ajustada ao tipo celular e à função do tecido.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Apesar de já amplamente usada em clínicas especializadas e com a capacidade de potencialmente promover uma série de benefícios à saúde, a terapia com luz vermelha de baixa intensidade ainda gera ceticismo na área médica.
Pesquisas já realizadas com a terapia mostraram resultados conflitantes, incluindo um ensaio controlado com pacientes com dor lombar, no qual aqueles tratados com luz vermelha não apresentaram nenhuma alteração em relação àqueles que receberam placebo.
Mas outros estudos destacaram o potencial de aplicação de terapias de fotobiomodulação em tratamentos de várias condições, incluindo feridas crônicas, queimaduras, cicatrização pós-operatória e até doenças degenerativas.
Estudo
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e da Universidade de Fortaleza realizaram uma análise pioneira sobre terapias com luz vermelha e descobriram que células diferentes respondem de modo diferente à luz vermelha. O achado pode abrir caminho para fototerapias mais precisas.
Segundo o Dr. Jeanlex Soares de Sousa, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) e um dos responsáveis pelo estudo, as diferenças nas respostas entre diferentes células foi devida à remodelação específica do citoesqueleto.
O citoesqueleto é uma estrutura complexa e dinâmica de filamentos de proteínas nas células, que se assemelha a um esqueleto celular. Sua principal função é fornecer suporte, organização e mobilidade à célula.
Na pesquisa, os pesquisadores estudaram três linhas celulares do citoesqueleto, localizadas em diferentes profundidades: os queratinócitos, que ficam da superfície da pele; os fibroblastos, que se encontram em tecidos conjuntivos como ligamentos e tendões localizados em profundidades intermediárias; e os osteoblastos, que estão na superfície óssea, portanto em locais mais profundos.
Nossa pesquisa traz dados sólidos e metodologias robustas que elucidam os mecanismos moleculares e físicos específicos pelos quais a luz vermelha afeta diferentes tipos de células. Ao usar técnicas rigorosas e avançadas como microscopia de força atômica e proteômica, reduzimos ambiguidades e fornecemos evidências mais claras e replicáveis, contribuindo assim para reduzir o ceticismo e validando cientificamente o uso clínico da fotobiomodulação
Resultados
“Descobrimos, por exemplo, que fibroblastos aumentam sua mobilidade e flexibilidade, importante para cicatrização; queratinócitos aumentam a rigidez sob certas condições, fortalecendo a barreira protetora da pele; e osteoblastos mostraram pouca resposta biomecânica, coerente com seu papel estrutural”, destacou o professor Jeanlex de Sousa.
Os pesquisadores concluíram que a terapia com luz vermelha precisa ser ajustada ao tipo celular e à função do tecido. “Células mais superficiais (queratinócitos) têm funções protetoras e respondem diferentemente das células mais profundas (fibroblastos e osteoblastos), responsáveis por reparação e estrutura. A interpretação dessas diferenças permite o desenvolvimento de protocolos terapêuticos altamente específicos para cada aplicação clínica”, esclareceu o pesquisador.
Segundo Antônio Vinnie Silva, doutorando do Departamento de Física da UFC e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), os estudos anteriores deixaram dúvidas sobre a eficácia da fotobiomodulação devido à utilização de diferentes protocolos. “Nosso trabalho minimiza essa variabilidade ao padronizar comprimento de onda da luz vermelha, suas densidades de potência e os tempos de exposição nas três referidas linhas celulares”, explicou o doutorando. A pesquisa faz parte dos estudos de doutorado de Antônio Vinnie Silva no Programa de Pós-Graduação em Física da UFC, sob orientação do professor Jeanlex de Sousa.
Este foi o primeiro estudo a descrever a biomecânica celular por meio da análise de proteínas, utilizando a chamada microscopia de força atômica.
Os resutlados do estudo foram publicados na revista científica Small.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Small (em inglês).
Mais Informações
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