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Rhiannon Koch, Universidade de Adelaide
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Resumo
A partir da análise de um banco de dados sobre doenças na Austrália, pesquisadores analisaram a influência do aumento das temperaturas sobre a ocorrência de transtornos mentais e comportamentais, bem como de um índice chamado ‘anos de vida ajustados por incapacidade’.
Os pesquisadores concluíram que as altas temperaturas contribuíram para uma perda anual de 8.458 anos de vida ajustados por incapacidade, o que representa 1,8% da carga total de transtornos mentais e comportamentais na Austrália.
Os pesquisadores destacaram a importância de cuidar melhor da saúde mental a partir do aumento de eventos de calor extremo, o que pode afetar de maneira importante a saúde pública.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Transtornos mentais e comportamentais, em seu amplo espectro, podem afetar significativamente a qualidade de vida e a participação social das pessoas, inclusive de pessoas jovens.
Com as mudanças climáticas, já está sendo observado em todo o mundo um aumento de temperaturas médias anuais, e é um desafio para a ciência compreender como essa elevação de temperatura pode influenciar a saúde no que diz respeito aos transtornos mentais e comportamentais.
Estudo
Um novo estudo publicado na revista científica Nature Climate Change e liderado por pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, mostrou que o aumento das temperaturas na Austrália pode aumentar a carga de transtornos mentais e comportamentais (TMC) em quase 50% até 2050. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Sydney e da Universidade Monash, ambas também na Austrália.
Os transtornos mentais e comportamentais (TMCs) abrangem um amplo espectro de sintomas associados a sofrimento ou comprometimento em áreas funcionais importantes como regulação emocional, cognição e comportamento de um indivíduo, incluindo ansiedade, depressão, transtornos afetivos bipolares, esquizofrenia, álcool, uso de drogas e outros transtornos mentais e de substâncias.
“Os impactos prejudiciais das mudanças climáticas na saúde mental e nos estados emocionais têm sido cada vez mais reconhecidos em todo o mundo, e a situação só vai piorar a menos que tomemos providências”, disse o Dr. Peng Bi, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Adelaide e autor principal do estudo.
“De sofrimento leve a condições graves como a esquizofrenia, o aumento das temperaturas está dificultando a vida de milhões de pessoas”, disse o Professor Bi.
O estudo teve como base o banco de dados Australian Burden of Disease (Carga de Doenças Australiana) e constatou que regiões mais quentes, como aquelas mais próximas do Equador, enfrentam riscos maiores.
Os formuladores de políticas públicas devem adotar estratégias direcionadas e centradas nas pessoas para proteger a saúde mental à medida que as temperaturas sobem. Não se trata apenas de saúde, trata-se de construir comunidades mais fortes e resilientes para o futuro
Resultados
Para mostrar o quanto doenças ou incapacidades reduzem os anos de vida saudável em termos populacionais, cientistas costumam usar um índice chamado anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs, do inglês disability-adjusted life years). Neste sentido, o índice DALYs representa a carga com quem uma doença ou incapacidade atinge uma determinada população.
Neste estudo, os pesquisadores mostraram que as altas temperaturas contribuíram para uma perda anual de 8.458 anos de vida ajustados por incapacidade, representando 1,8% da carga total de TMCs na Austrália. Jovens australianos de 15 a 44 anos são particularmente afetados, com a maioria das perdas ligadas à convivência com problemas de saúde mental.
“Esses resultados ressaltam o papel crucial dos formuladores de políticas no desenvolvimento de intervenções de saúde pública focadas para minimizar o surgimento de impactos da mudança climática na saúde mental, dadas suas significativas consequências humanas, sociais e financeiras”, disse o professor Peng Bi.
“Nossas descobertas mostram que as mudanças climáticas aumentarão os desafios de saúde mental para além do que o crescimento populacional por si só causaria”, disse Jingwen Liu, doutoranda na Escola de Saúde Pública da Universidade de Adelaide e primeira autora do estudo.
Os pesquisadores pedem ações imediatas, incluindo planos de ação para a saúde e o calor, a fim de preparar os sistemas de saúde para as crescentes necessidades de saúde mental, e soluções localizadas, como programas comunitários e espaços verdes, para construir resiliência e apoio a grupos vulneráveis, garantindo que aqueles em maior risco recebam os cuidados de que precisam durante os períodos de calor.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Nature Climate Change (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Adelaide (em inglês).
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