
Fonte
Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP
Publicação Original
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Resumo
Dentre todos os tipos de demência, e a afasia primária progressiva é um deles, o diagnóstico precoce sempre é importante, na expectativa de que as intervenções terapêuticas possam retardar o aparecimento de sintomas mais graves da doença neurodegenerativa.
Em um estudo clínico com 87 pacientes, pesquisadores analisaram a eficácia de um teste fonoaudiológico completo – a chamada Bateria Montreal Toulouse de Avaliação e Linguagem – na detecção da afasia primária progressiva, comparando resultados de um grupo controle de indivíduos saudáveis e de um grupo intervenção, onde os pacientes foram diagnosticados neurologicamente com afasia primária progressiva.
Os pesquisadores identificaram diferenças no processamento da linguagem nos pacientes com afasia primária progressiva, que devem ser monitoradas e podem ajudar a compreender melhor como estratégias compensatórias que auxiliam na comunicação podem ser implementadas.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A demência, em todo seu espectro de variações que pode caracterizar diferentes doenças e manifestações clínicas, é uma condição que vem atingindo de maneira significativa pessoas idosas, reduzindo de maneira importante a qualidade de vida e suas interações em seu meio social.
A afasia primária progressiva, como um dos tipos de demência, tem características que dificultam o diagnóstico clínico. Por outro lado, quanto mais precocemente a doença for detectada e tratada, mais lenta tende a ser sua progressão, o que pode ser significativo para manter a qualidade de vida das pessoas afetadas por mais tempo.
Estudo
A dificuldade de encontrar as palavras ou ter o costume de trocá-las por outras parecidas semanticamente ou mesmo uma sutil dificuldade para elaborar frases podem ser os primeiros sintomas de um tipo de demência conhecido como afasia primária progressiva.
A afasia primária progressiva é uma doença neurodegenerativa rara e de difícil diagnóstico, que afeta inicialmente questões relacionadas à linguagem, impactando a comunicação.
Conforme a doença evolui, começam a aparecer alterações cognitivas mais graves, como acontece na doença de Alzheimer ou outros tipos de demência. O diagnóstico neurológico da doença não é simples: é necessária uma análise completa que, além das questões de linguagem e comunicação, envolve outras funções cognitivas importantes.
Recentemente, em um estudo publicado na revista científica Plos One, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostraram que a afasia primária progressiva pode ser detectada precocemente por meio de testes de fonoaudiologia conhecidos como Bateria Montreal Toulouse de Avaliação e Linguagem (MTL-BR).
“Não estamos falando de um diagnóstico completo, apenas de uma parte da avaliação capaz de permitir a identificação de pacientes que precisam de maior acompanhamento e atenção”, afirmou a Dra. Karin Zazo Ortiz, professora do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autora correspondente do artigo científico.
Os pesquisadores avaliaram 87 indivíduos, sendo 29 com diagnóstico de afasia primária progressiva e 58 saudáveis, pareados por idade e grau de escolaridade.
A possibilidade de diagnosticarmos precocemente e com mais precisão é uma ótima notícia, pois, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, mais lenta tende a ser progressão da doença. Quanto mais precoce for a reabilitação, maior a chance de o paciente conseguir manter as habilidades comunicativas, de fala, leitura e escrita, por mais tempo
Resultados
“Comparamos o desempenho dos participantes com e sem [a afasia primária progressiva] em um vasto número de tarefas que envolvem distintos processamentos linguísticos. Com isso, observamos diferenças marcantes em algumas tarefas e, nessa etapa do trabalho, conseguimos identificar quais são os testes mais relevantes entre as 22 tarefas que constituem a bateria MTL-BR”, explicou a professora Karin Ortiz.
A pesquisadora ressaltou que a bateria MTL-BR é extensa e completa, e o foco nos testes mais importantes poderia tornar a avaliação mais rápida e acessível.
Na publicação científica, os pesquisadores destacaram as tarefas em que os pacientes com afasia primária progressiva apresentaram pior desempenho ao longo do teste fonoaudiológico: entrevista dirigida, compreensão oral de frases, discurso narrativo oral, compreensão escrita de frases, ditado, repetição de frases, fluência verbal semântica, nomeação de substantivos e verbos, manipulação de objetos por comando verbal, fluência verbal fonológica, reconhecimento de partes do corpo e orientação esquerda-direita, nomeação escrita de substantivos, compreensão de texto oral, ditado numérico, compreensão de texto escrito e cálculo numérico (mental e escrito).
Agora, os pesquisadores pretendem identificar quais seriam as tarefas linguísticas mais importantes para a identificação de cada variante da afasia primária progressiva.
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Autores/Pesquisadores Citados
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