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Floresta Amazônica no Equador
Fonte
Johnny von Einem, Universidade de Adelaide
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em um estudo multicêntrico que envolveu mais de uma centena de pesquisadores globalmente, com a participação de 36 pesquisadores basileiros, foram analisados dados de 415 lotes florestais permanentes desde o México até o sul do Brasil para entender como as florestas tropicais estão se comportando em relação às mudanças climáticas.
Considerando características funcionais de mais de 250.000 árvores, os pesquisadores observaram que as florestas mudaram muito lentamente nos últimos 40 anos – na verdade, mudaram em menos de 8% do que seria necessário para acompanhar as mudanças no clima.
As descobertas podem ajudar a construir estratégias de conservação e ordenar políticas públicas.
Foco do Estudo
Por que é importante?
As florestas tropicais desempenham um papel vital na regulação do clima global e na conservação da biodiversidade, mas sua capacidade de se adaptar às mudanças climáticas é limitada.
Compreender como as florestas tropicais respondem às mudanças climáticas e qual seu nível de resiliência pode ajudar a antecipar ações de conservação em longo prazo.
Estudo
Em um estudo liderado pelo Dr. Jesús Aguirre-Gutiérrez, pesquisador do Instituto de Mudanças Ambientais da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mais de 100 cientistas analisaram dados de 415 lotes florestais permanentes desde o México até o sul do Brasil para entender como as florestas tropicais estão respondendo às mudanças climáticas.
Ao examinar as características de mais de 250.000 árvores, a equipe avaliou como diferentes espécies estão respondendo às mudanças de temperatura e padrões de precipitação.
“Até 2100, as temperaturas na região podem aumentar em até 4°C, com a precipitação diminuindo em até 20%. Isso pode desequilibrar ainda mais as florestas tropicais, tornando-as mais vulneráveis a eventos climáticos extremos”, explicou o Dr. Sami Rifai, professor da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Adelaide, na Austrália, e coautor do estudo.
“Este estudo reuniu dados de características funcionais diferentes – como tamanho da folha, densidade da madeira e altura máxima – de mais de mil espécies de árvores”, destacou o professor.
“Essas medições de características funcionais de plantas foram então pareadas com dados de composição de espécies de árvores coletados de 415 lotes florestais onde o crescimento, mortalidade e recrutamento foram rastreados para mais de um quarto de milhão de árvores para caracterizar como essas florestas mudaram nos últimos 40 anos”, continuou o pesquisador.
O estudo, publicado na revista Science, contou com a participação de 36 pesquisadores brasileiros da Embrapa Roraima, Instituto Federal do Acre (IFAC), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM Amazônia), Instituto Tecnológico VALE, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em Toledo, Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT), Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP).
Devido à rapidez com que as mudanças climáticas estão alterando os padrões de temperatura e precipitação, as comunidades de árvores estão respondendo muito lentamente para permanecer em equilíbrio com seu ambiente
Resultados
“Descobriu-se que as características funcionais dessas centenas de lotes florestais mudaram em menos de 8% do que seria necessário para acompanhar as mudanças no clima. Esta é uma descoberta preocupante, dada a importância das florestas tropicais para sustentar a diversidade de espécies e o funcionamento da biosfera terrestre”, destacou o professor Sami Rifai.
O estudo mostrou um caminho a seguir para conservacionistas que buscam preservar a função vital das florestas tropicais.“Ao observar árvores individuais de diferentes comunidades, descobrimos que algumas sofreram devido às mudanças climáticas, enquanto outras prosperaram”, disse o Dr. Jesús Aguirre-Gutiérrez.
“Se soubermos quais espécies de árvores estão se saindo melhor ou pior, e qual conjunto de características elas têm, então saberemos o que elas podem suportar. Isso ajudará a informar quais ações de conservação devem ser incentivadas e onde o financiamento deve ser alocado”, concluiu o líder do estudo.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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