
Fonte
Universidade de Barcelona
Publicação Original
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Resumo
Com uma abordagem baseada nos processos inflamatórios, em vez de visar especificamente o acúmulo de proteína beta-amiloide e a formação de placas no cérebro, pesquisadores desenvolveram um novo composto com potencial terapêutico conta a doença de Alzheimer.
O composto é um inibidor da enzima epóxido hidrolase solúvel, que regula vários processos fisiológicos, incluindo inflamação e resposta à dor.
A ação do novo composto reduziu a transcrição e os níveis de vários marcadores pró-inflamatórios, ao mesmo tempo em que aumentou as citocinas anti-inflamatórias. Em dois modelos murinos da doença, o composto terapêutico mostrou efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A doença de Alzheimer, a causa mais comum de demência, é atualmente incurável. Os medicamentos disponíveis atualmente têm eficácia muito limitada e apenas em estágios leves da doença.
Estudo
Pesquisadores da Universidade de Barcelona, do Instituto de Pesquisas Biomédicas de Barcelona (IIBB) e do Centro Espanhol de Pesquisa Biomédica em Doenças Neurodegenerativas (CIBERNED), na Espanha, e também colegas pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, desenvolveram um candidato terapêutico promissor para tratar a doença de Alzheimer.
O estudo, publicado na revista científica ACS Pharmacology & Translational Science, mostrou que o novo composto tem efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios em dois modelos murinos da doença.
O estudo é o resultado de sete anos de pesquisas em que foi aplicada uma nova abordagem baseada nos processos inflamatórios que contribuem para desencadear a doença e modular sua progressão.
O novo composto é um inibidor da epóxido hidrolase solúvel (sEH), uma enzima envolvida na regulação de vários processos fisiológicos, incluindo inflamação e resposta à dor.
“No contexto da doença de Alzheimer, a inibição desta enzima pode aumentar os níveis de ácidos epoxieicosatrienoicos (EETs) — moléculas bioativas que são anti-inflamatórios endógenos — e, assim, reduzir a neuroinflamação e promover a neuroproteção”, explicou a Dra. Mercè Pallàs, professora e pesquisadora da Faculdade de Farmácia e Ciência dos Alimentos da Universidade de Barcelona e uma das líderes do estudo.
Estratégias que foram tentadas sem sucesso nos últimos dez anos visaram especificamente o acúmulo de beta-amiloide e a formação de placas no cérebro, mas há evidências de que a neuroinflamação é uma das principais causas da doença de Alzheimer. Abordar processos inflamatórios tornou-se, portanto, uma estratégia terapêutica promissora
Resultados
Os resultados do estudo mostraram que o tratamento com o novo composto teve efeitos neuroprotetores, culminando em melhor memória espacial e de trabalho e uma rede neural melhorada. “[O novo composto] pode ajudar a preservar a função neuronal e reduzir a morte neuronal associada à doença de Alzheimer”, destacou o Dr. Santiago Vázquez, pesquisador do Instituto de Biomedicina da Universidade de Barcelona e também um dos líderes da pesquisa.
Esses efeitos neuroprotetores são devidos ao aumento dos ácidos EETs, que também estão envolvidos na melhoria do fluxo sanguíneo cerebral, que é fundamental para manter a saúde do cérebro. “A inibição do sEH pode, portanto, contribuir para a melhoria da perfusão cerebral e para a proteção contra danos isquêmicos”, observaram os pesquisadores.
A vantagem do novo composto sobre outros compostos anti-inflamatórios — que falharam em ensaios clínicos e não chegaram aos pacientes devido à ineficácia — é que sua ação reduziu a transcrição e os níveis de vários marcadores pró-inflamatórios, ao mesmo tempo em que aumentou as citocinas anti-inflamatórias.
“Essa abordagem global, que afeta várias vias inflamatórias simultaneamente em vez de agir em apenas uma, resulta em um efeito neuroprotetor que é suficiente para melhorar a sintomatologia e a patologia da doença de Alzheimer”, concluíram os pesquisadores.
A patente do composto foi licenciada para uma empresa farmacêutica nos EUA para que sejam realizados os ensaios pré-clínicos e clínicos necessários para sua aprovação e comercialização.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica ACS Pharmacology & Translational Science (em inglês).
Mais Informações
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