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Silurus glanis
Fonte
Sara Machado, FCTUC
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores estudaram a influência da presença de espécies exóticas invasoras e como elas influenciam a avaliação biológica de rios em todo o mundo.
Ao usar índices biológicos que não consideram espécies exóticas invasoras para a monitorização de rios, a avaliação da degradação dos rios pode ser prejudicada.
Os especialistas recomendam a inclusão de métricas específicas para espécies exóticas nos índices de qualidade biológica utilizados na avaliação ecológica dos rios e a necessidade de investir na identificação taxonômica em nível da espécie em programas de monitorização, entre outras ações.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Espécies exóticas invasoras podem mudar substancialmente um ecossistema, principalmente por reduzir a biodiversidade local.
A partir da limitação de biodiversidade, a consideração da presença de espécies invasoras pode afetar a construção de índices biológicos que avaliam a qualidade de rios e outros habitats.
Estudo
Um estudo internacional envolvendo 33 instituições de pesquisa em todo mundo, mostrou que poucos índices biológicos usados na monitorização dos rios contemplam a análise de espécies exóticas e que a abundância de espécies exóticas está associada à degradação dos rios, tendo um efeito significativo na abundância e presença de espécies nativas.
O estudo teve como primeira autora a Dra. Maria João Feio, pesquisadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) da Universidade de Coimbra, em Portugal, e foi publicado na revista científica Journal of Environmental Management.
Do Brasil, participaram pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
De acordo com a Dra. Maria João Feio, quando muitos dos índices biológicos foram desenvolvidos não existiam ou não eram conhecidas tantas espécies invasoras aquáticas. “Desta forma, tentamos perceber quais destes grupos biológicos têm mais espécies exóticas reportadas e conhecidas, se os índices existentes contemplam a avaliação específica de espécies exóticas e se, contemplando ou não, os índices refletem o efeito das espécies exóticas na qualidade do ecossistema”, explicou.
Este estudo teve como objetivo compreender, a nível mundial, se a avaliação da qualidade ecológica dos rios reflete a presença de espécies exóticas (não-nativas de uma região) nos ecossistemas ribeirinhos. Em Portugal, assim como em toda a Comunidade Europeia, e em vários países do mundo, existem índices baseados nas comunidades aquáticas de peixes, invertebrados, microalgas e plantas aquáticas, considerados bioindicadores de qualidade ecológica
Resultados
Os autores concluíram ainda que, em 17 países dos seis continentes, as espécies exóticas mais reportadas dentro dos grupos de bioindicadores aquáticos são os peixes, devido ao seu tamanho, valor comercial e maior conhecimento histórico das espécies nativas. As microalgas exóticas são as menos conhecidas, seguidas dos invertebrados bentônicos.
“Em Portugal, temos situações distintas conforme o elemento biológico utilizado na avaliação da qualidade dos rios. O índice usado para as comunidades de peixes já inclui uma métrica que avalia a presença e abundância de espécies exóticas. Já o de plantas aquáticas, inclui uma avaliação parcial dessas espécies, e, no caso dos invertebrados, o índice oficial não contempla uma avaliação das espécies exóticas. Assim, podemos ter avaliações que sobrevalorizam a qualidade biológica dos rios nestes últimos casos. Embora isso dependa da influência que uma dada espécie tenha no ecossistema, que não é sempre a mesma”, destacou a Dra. Maria João Feio.
Com os resultados, os especialistas recomendam a inclusão de métricas específicas para espécies exóticas nos índices de qualidade biológica utilizados na avaliação ecológica dos rios; o aumento da investigação da taxa de exóticos de grupos de organismos aquáticos mais pequenos; a necessidade de investir na identificação taxonômica ao nível da espécie em programas de monitorização, de forma a reconhecer espécies exóticas; e a necessidade de incentivar comportamentos que previnam invasões aquáticas nos rios, entre outras medidas.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Environmental Management (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Coimbra.
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