
Fonte
Ligia Gabrielli, Unifesp
Publicação Original
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Resumo
Pesquisadores do Grupo de Trabalho sobre Transtorno Depressivo Maior do Consórcio de Genômica Psiquiátrica desenvolveram uma nova meta-análise de estudo de associação de genômica ampla envolvendo mais de 5 milhões de indivíduos de 29 países e com ascendências diversas e miscigenadas.
O estudo, inédito em termos de inclusão de populações anteriormente sub-representadas, revelou cerca de 700 variações genéticas relacionadas à depressão, quase 300 delas nunca antes identificadas.
As descobertas trazem novo conhecimento sobre como a depressão afeta o cérebro e podem levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A maior parte das pesquisas genéticas anteriores focou em populações de ascendência europeia. Isso limitava a aplicação dos resultados em outras etnias, perpetuando desigualdades nos tratamentos.
Avanços na identificação de fatores genéticos que podem levar à depressão são importantes para avaliar o risco de depressão e fomentar ações de prevenção.
Estudo
Pela primeira vez, cientistas identificaram fatores genéticos de risco para a depressão em populações de diferentes etnias, possibilitando prever o risco da doença independentemente da origem genética de uma pessoa.
O estudo, publicado na revista científica Cell e desenvolvido pelo Grupo de Trabalho sobre Transtorno Depressivo Maior do Consórcio de Genômica Psiquiátrica, teve a participação de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e é o maior e mais diverso estudo já realizado sobre a genética da depressão.
A meta-análise de estudo de associação de genômica ampla, que identifica variações genéticas associadas a doenças ou características específicas, considerou dados de mais de 688 mil indivíduos com depressão e de mais de 4,36 milhões de indivíduos controles – ou seja, mais de 5 milhões de indivíduos no total – provenientes de 29 países e com ascendências diversas e miscigenadas.
Com 25% dos participantes sendo de ascendência não-europeia, o estudo representa um passo fundamental para tornar os avanços científicos mais inclusivos.
O estudo é um marco na psiquiatria genética. Ele mostra a importância de incluir diferentes populações nas pesquisas para que os tratamentos possam ser eficazes para todos(as)
Resultados
A pesquisa revelou cerca de 700 variações genéticas relacionadas à depressão, quase 300 delas nunca antes identificadas.
Os pesquisadores consideram que um terço dessas novas descobertas foi possível graças à inclusão de indivíduos de ancestralidade genética miscigenada, como ocorre predominantemente na população brasileira, marcando um avanço científico significativo. Anteriormente, esse tipo de estudo incluía basicamente populações com ancestralidade europeia.
As variações genéticas identificadas estão ligadas a neurônios em regiões cerebrais que controlam as emoções. As descobertas oferecem novas pistas sobre como a depressão afeta o cérebro e podem levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
“Essas novas informações destacam áreas do cérebro que podem ser alvos diretos para terapias, além de permitir a adaptação de medicamentos existentes para tratar a depressão”, concluiu a Dra. Sintia Belangero, professora da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp).
Esses resultados ajudam a reduzir lacunas históricas no conhecimento sobre a depressão e podem beneficiar milhões de pessoas em populações que antes eram sub-representadas
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Autores/Pesquisadores Citados
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Publicação
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